Corrupção faz aumentar pobreza e desigualdade

Corrupção faz aumentar pobreza e desigualdade

Bird rejeita argumento que corrupção ajuda economia

Rafael Gomez e Rodrigo Amaral A América Latina é uma região pela ampla ocorrência de corrupção – e estudos mostram que esse um dos motivos porque os países do subcontinente não se desenvolvem tão rapidamente quanto poderiam. Anos atrás, alguns economistas e cientistas políticos chegaram a defender a tese de que a corrupção pode muito bem desempenhar um papel positivo nos países em desenvolvimento, uma vez que ela ajudaria as empresas a driblar uma infinidade de empecilhos colocados em seu caminho por máquinas estatais excessivamente burocráticas. Com base nesse tipo de raciocínio, pode parecer o combate à corrupção não precisa ser necessariamente uma prioridade de governo em um país em desenvolvimento. Mas entidades como o Banco Mundial chegaram à conclusão de que esse argumento está muito longe de ser verdadeiro, e que a corrupção na verdade emperra o desenvolviomento. “Há uma relação muito clara entre a corrupção e a pobreza”, cita como exemplo o economista Daniel Kauffman, do Banco Mundial. Desigualdade Essa linha de raciocínio é corroborada pela cientista política Susan Rose-Ackerman, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Ela diz que um país com alto nível de corrupção pode até ter crescimento econômico - mas tende a ser ineficiente e afastar investidores estrangeiros. Para Rose-Ackerman, a corrupção não apenas emperra o crescimento da economia, mas tende a aumentar as desigualdades sociais em um país. (Clique aqui para ler uma entrevista de Susan Rose-Ackerman). O Banco Mundial afirma ter indicações estatísticas que apontam para uma relação direta entre a corrupção e as distorções encontradas em uma sociedade. “Nossos dados mostram que os países que conseguiram controlar a corrupção têm uma renda per capita quatro vezes mais alta do que aqueles que ainda têm altos índices de corrupção”, afirma Kauffman. “Menos corrupção também está relacionada a menores índices de analfabetismo e de mortalidade infantil, além de maiores fluxos de investimento.” Reformas Especialistas dizem ainda que a corrupção não causa apenas problemas econômicos. Num ciclo vicioso, ela dificulta a realização de reformas institucionais que, por sua vez, são a chave para que ela diminua. As reformas, por sua vez, precisam ser baseadas em um consenso entre a comunidade internacional e os líderes políticos do país. Nos últimos anos, a luta contra a corrupção vem sendo feita em várias frentes no âmbito internacional. Uma iniciativa simbólica foi o lançamento, em 1999, de uma convenção internacional da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que visa punir países pelas práticas corruptas de suas empresas no exterior. Países que não fazem parte da OCDE, como o Brasil, também assinaram a convenção, mas ainda não aprovaram leis que a implementam - o que é uma fonte de grande preocupação da Transparência Internacional, a influente ONG que luta contra o problema em mais de 80 países.

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