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Padre Cícero: pastor, político e estrategista por Antonio Vicelmo

 

Padre Cícero: pastor, político e estrategista por Antonio Vicelmo

Padre Cícero passeia em carro aberto no centro
de Juazeiro do Norte - foto Thiago Gaspar
Na época em que Padre Cícero foi rezar a Missa do Galo, Juazeiro era uma pequena vila formado por um aglomerado de casas de taipa e uma capelinha erigida pelo primeiro capelão, padre Pedro Ribeiro de Carvalho, em honra a Nossa Senhora das Dores, padroeira do lugar. Uma vez instalado, Cícero tratou inicialmente de melhorar o aspecto da capelinha, adquirindo várias imagens com as esmolas arrecadadas junto aos fiéis.

Depois, tocado pelo ardente desejo de conquistar o povo que lhe fora confiado por Deus, desenvolveu intenso trabalho pastoral com pregação, conselhos e visitas domiciliares, como nunca se tinha visto na região. Dessa maneira, rapidamente ganhou a simpatia dos habitantes, passando a exercer grande liderança na comunidade. Paralelamente, agindo com muita austeridade, cuidou de moralizar os costumes da população, acabando pessoalmente com os excessos de bebedeira e com a prostituição no local.

Foi preciso muita habilidade do sacerdote para que as romarias iniciadas a partir do episódio do suposto milagre não fossem vistas como atos de fanatismo pela Igreja. Em cartas para dom Joaquim, bispo do Ceará, Padre Cícero justificava o movimento de fiéis como manifestações em honra à Nossa Senhora das Dores.

Havia motivo para tantos cuidados. O século XIX foi marcado pela romanização, movimento dirigido pela hierarquia eclesiástica católica. No Brasil, uma das principais preocupações da romanização era afastar os fiéis do catolicismo luso-brasileiro, marcadamente devocional, e orientá-los para a prática do catolicismo romano, com ênfase no aspecto doutrinário e sacramental. A estratégia pastoral do episcopado constituiu em apossar-se dos santuários e centros de devoção popular e entregá-los à direção de institutos religiosos europeus. Os bispos então tomavam uma postura vigilante, em especial depois do que havia ocorrido em Canudos (com a comunidade formada por Antônio Conselheiro) e Pedra Bonita (em que um movimento religioso de cunho sebastianista perpetuou sacrifícios humanos).

Restaurada a harmonia, o povoado experimentou, então, os passos de crescimento, atraindo gente curiosa por conhecer Juazeiro e o padre que aos poucos ganhava a fama de protetor dos pobres e desvalidos.

Padre Cícero era filiado ao extinto Partido Republicano Conservador (PRC). Foi o primeiro prefeito de Juazeiro do Norte, em 1911, quando o povoado foi elevado à cidade. Em 1926, foi eleito deputado federal, porém não chegou a assumir o cargo.

Em 4 de outubro de 1911, Padre Cícero e outros 16 líderes políticos da região se reuniram em Juazeiro do Norte e firmaram um acordo de cooperação e apoio mútuos, bem como o compromisso de apoiar o governador Nogueira Accioly. O encontro recebeu a alcunha de "Pacto dos Coronéis", sendo apontado como uma importante passagem na história do coronelismo brasileiro.

Em 1913, o sacerdote foi destituído do cargo de prefeito pelo governador Marcos Franco Rabelo, voltando ao poder em 1914, quando Franco Rabelo foi deposto no evento que ficou conhecido como Sedição de Juazeiro. Foi eleito, ainda, vice-governador do Ceará.

No final da década de 1920, Padre Cícero começou a perder a sua força política, que praticamente acabou depois da Revolução de 1930. Seu prestígio como santo milagreiro, porém, aumentaria cada vez mais.

Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, era devoto de Padre Cícero e respeitava as suas crenças e conselhos. Os dois se encontraram uma única vez, em Juazeiro do Norte, no ano de 1926. Naquele ano, a Coluna Prestes percorria o interior do Brasil desafiando o Governo Federal. Para combatê-la, foram criados os chamados Batalhões Patrióticos, comandados por líderes regionais que muitas vezes arregimentavam cangaceiros e jagunços.

Existem duas versões para o encontro entre Lampião e Padre Cícero. Na primeira versão, difundida por Billy Jaynes Chandler, o sacerdote teria convocado Lampião para se juntar ao Batalhão Patriótico de Juazeiro, recebendo, em troca anistia de seus crimes e a patente de capitão. Na outra versão, defendida por Lira Neto e Anildomá Willians, o convite teria sido feito por Floro Bartolomeu sem que Padre Cícero soubesse. O certo é que o bando deixou Juazeiro sem enfrentar a Coluna.
FONTE: BLOG DEALTANEIRA

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