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O dilema da editora

 


O dilema da editora


[Gatilho]: Como cobrir Aaron Bushnell?

ALERTA DE GATILHO: Este texto trata de suicídio. Se você precisa de ajuda, no Brasil, o CVV tem voluntários disponíveis 24h por dia para oferecer apoio por chat ou pelo telefone 188. Conheça também o mapasaudemental.com.br – atendimentos agendados com psicólogos ou psiquiatras, gratuitamente.


No dia 11 de junho de 1963, em Saigon, o monge budista Thích Quảng Ðức morreu após atear fogo em seu próprio corpo, em um protesto contra o governo do presidente Ngo Dinh Diem, no Vietnã do Sul.


Naquela época, o Vietnã estava em uma guerra civil. Diem, apoiado pelos EUA, tentava transformar o Vietnã do Sul em um país católico e promovia perseguição contra os budistas.


A autoimolação do monge, um ato extremo de protesto, foi registrada pelo fotógrafo norte-americano Malcolm Browne. A foto de Duc sentado no meio da rua, de pernas cruzadas, com seu corpo em chamas, rendeu a Browne um Pulitzer e o prêmio de foto do ano do World Press Photo. A imagem chocou o Ocidente, e aumentou a pressão sobre o que acontecia no Vietnã.


A autoimolação é considerada um ponto de acirramento na crise no Vietnã. O monge virou mártir. Veio a guerra com a participação dos EUA. A imagem de sua autoimolação, uma das mais emblemáticas do século passado, se tornou capa do primeiro disco da banda Rage Against The Machine, de 1992.


Se fosse hoje, talvez o ato não tivesse destaque. O registro não valeria um Pulitzer. Talvez sequer fosse noticiado. Se fosse, talvez as manchetes seriam: Monge budista ateia fogo ao próprio corpo no centro de Saigon. Por quê? Não diriam o que realmente foi: um ato extremo de protesto que denunciava a perseguição aos budistas pelo governo do Vietnã do Sul, apoiado pelos EUA.


No último domingo, 25 de fevereiro, o soldado norte-americano Aaron Bushnell, de 25 anos, ateou fogo em seu próprio corpo em protesto contra o genocídio em Gaza. Fardado, ele foi até a embaixada de Israel em Washington. Em um vídeo, explicou que não seria "mais cúmplice de genocídio". "Estou prestes a me envolver em um ato extremo de protesto — mas comparado ao que as pessoas têm experimentado na Palestina nas mãos de seus colonizadores, não é nada extremo".


Suas últimas palavras foram "Palestina livre". Enquanto Bushnell pegava fogo, um segurança chegou correndo empunhando uma arma. Uma arma. A única resposta que o segurança conseguiu dar. Bushnell desmaiou e morreu no hospital.


A maioria dos jornais norte-americanos se limitou a dizer, nas manchetes, que um soldado da Força Aérea havia ateado fogo em si mesmo na frente da embaixada de Israel. Pouco – ou nada – se falou sobre o estopim que fez Bushnell tomar essa decisão. A imprensa corporativa brasileira, que gosta de repetir a fórmula, foi pelo mesmo caminho.


Sabe-se que é preciso ter muita cautela para noticiar o tema porque há comprovação de que há um efeito contágio negativo, especialmente entre jovens.


A Organização Mundial da Saúde tem uma série de orientações para isso: evitar falar em "suicídio" no título e chamadas, não descrever o método, não imprimir juízo de valor e explicar que o suicídio nunca tem apenas uma causa, por exemplo.


Nesta semana, discutimos o tema com a editora Juliana Dantas, especialista em morte e luto, por conta dessa reportagem sobre um episódio de morte por suicídio dentro de um galpão do Mercado Livre. Nem todos os suicídios viram notícia, mas alguns são de interesse público. Nesse caso, consideramos relevante mostrar o contexto no qual o fato aconteceu, assim como a reação da empresa – que enfrenta denúncias por suas condições de trabalho.


Por que a morte de Aaron Bushnell não seria notícia? Um soldado da ativa, fardado, fazer o que fez na frente de uma embaixada israelense em Washington é um suicídio, mas também chama atenção para o genocídio em curso em Gaza. É um jovem que morreu de forma trágica em meio a fatores pessoais que desconhecemos, mas também pela sensação de impotência com relação ao massacre promovido por Israel.


O manual da OMS pede cautela com a "glorificação de vítimas de suicídio como mártires e objetos de adoração pública", que pode sugerir  "às pessoas suscetíveis que a sociedade honra o comportamento suicida".


Por isso, alguns veículos podem lançar mão dessa justificativa para omitir a notícia ou partes dela. No entanto, o fato não deixou de ser noticiado – o que aconteceu é que foi pela metade, com manchetes incompletas, que se limitavam a descrever o ocorrido, sem o contexto do protesto. Pior: mostrando as imagens explicitamente, o que também contraria o manual. Alguns veículos disseram que o militar estava protestando contra a guerra "Israel-Hamas" (como o estado israelense gosta de definir o que está acontecendo). Não. Bushnell protestava contra o genocídio promovido por Israel em Gaza.


A omissão pegou muito mal. Depois de reclamações, veículos editaram as notícias e incluíram a razão pela qual o militar se autoimolou, reportou a AJ+.


Os manuais recomendam que o suicídio nunca deve ser tratado de forma simplista. É uma soma de fatores prévios, contextos pessoal e social e possíveis gatilhos. É um dilema editorial delicado, que deve pesar o interesse público e cuidar para minimizar os impactos negativos. Em cada frase, título, escolha de fotos, nós tomamos pequenas (ou grandes) decisões que influenciam a maneira como a notícia vai ser lida e recebida.


Às vezes, no entanto, o manual não dá conta da realidade que a gente precisa contar. O caso de Aaron Bushnell é um suicídio, uma tragédia, e é também um protesto agudo contra uma situação dramática. Estará nos livros de história, assim como o monge Thích Quảng Ðức e o tunisiano Mohammed Bouazizi, cuja autoimolação foi um dos estopins da Primavera Árabe.


Já está cada vez mais claro o conluio da mídia corporativa em emplacar a narrativa mais fácil para Israel. Nesta semana, o Intercept dos EUA mostrou como uma reportagem do The New York Times, publicada em 7 de outubro e usada para justificar a ofensiva de Israel, era frágil e enviesada.


Aqui no Brasil, a celeuma com a fala de Lula, assim como o apagamento do protesto de Bushnell, fazem parte disso. Mas o genocídio em curso está sendo postado em tempo real nas redes sociais. O mundo está assistindo desde outubro os heroicos jornalistas palestinos que se arriscam para mostrar pessoas famintas sendo assassinadas, hospitais sendo bombardeados e crianças mutiladas sendo retiradas de escombros por seus familiares.


Já são 30 mil mortos. É a História. A escolha sobre como registrar uma notícia terrível como a morte de Aaron Bushnell não é simples. Mas apagar o contexto em que ela se dá é inaceitável diante do horror em curso na Palestina.


**No Brasil, o Centro de Valorização à Vida, o CVV, trabalha com apoio emocional e prevenção ao suicídio. O canal de atendimento é gratuito, funciona 24 horas todos os dias, pelo telefone 188 ou por chat. O serviço é prestado por voluntários e garante o anonimato. Veja também o Mapa Saúde Mental – atendimentos agendados com psicólogos ou psiquiatras, gratuitamente ou a preços populares.

Se você conhece alguém ou é uma pessoa que precisa de algum apoio emocional neste momento, acesse e divulgue os canais.

FONTE : Intercept Brasil

STJ tranca ação penal baseada em abordagem ilegal de guardas municipais

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POLÍCIA PARA QUEM PRECISA.

STJ tranca ação penal baseada em abordagem ilegal de guardas municipais

As Guardas Municipais só podem promover busca pessoal, de forma excepcional, se houver fundada suspeita e pertinência com a proteção da integridade dos bens e instalações do município, ou com a garantia da execução adequada dos serviços municipais e seus usuários. Isso não significa permissão para desempenhar atividades ostensivas ou investigativas, típicas das Polícias Militar e Civil, no combate à criminalidade urbana ordinária.

Com esse entendimento, a 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça anulou provas obtidas em uma abordagem feita por guardas municipais, trancou a respectiva ação penal e determinou a soltura imediata do homem abordado.

STJ tranca ação penal baseada em abordagem ilegal de guardas municipais As Guardas Municipais só podem promover busca pessoal, de forma excepcional,
FOTO DIVULGAÇÃO!

Os guardas alegaram que faziam rondas por determinadas ruas após receber denúncias de tráfico de drogas. Segundo eles, um jovem notou a aproximação da viatura e tentou correr. Por isso, foi abordado. Ele carregava 25,9 gramas de crack e 8,5 gramas de maconha.


A defesa argumentou que a revista pessoal foi ilegal, pois não havia fundadas razões para a abordagem. Também indicou que a Guarda Municipal não pode promover diligências investigativas após denúncia anônima.


Mas o Tribunal de Justiça de Santa Catarina considerou que o contexto da abordagem justificava a medida — pois houve denúncias de tráfico e visualização do paciente “em situação suspeita”, devido à tentativa de fuga.


O colegiado também destacou o nervosismo do homem quando os guardas se aproximaram e ressaltou que o local em questão era uma “área de conhecido e intenso tráfico de drogas”.


O desembargador convocado Jesuíno Rissato, relator do caso no STJ, lembrou de decisão recente na qual a 3ª Seção confirmou que a atividade das Guardas Municipais não é equiparada à das polícias.


No caso concreto, o magistrado não viu elementos que indicassem a justa causa da abordagem. Ele ressaltou que os agentes promoveram uma “típica atividade de polícia ostensiva” e só encontraram a droga após a revista pessoal. Com isso, extrapolaram a competência constitucional e legal prevista para as Guardas Civis Municipais.


Para Rissato, não houve “relação clara, direta e imediata” com a proteção de bens, serviços e instalações do município, mas sim um “nítido desvirtuamento na atuação dos guardas municipais”. Assim, a prisão em flagrante foi ilegal.


A defesa foi feita pelos advogados Gasparino Corrêa e Manon Ferreira e Guilherme Belens, todos do escritório Corrêa e Ferreira Advogados.

FONTE : CONJUR.COM.BR

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